Geoturismo e desenvolvimento sustentável: os caminhos que transformam o Sul de SC

Geoturismo e desenvolvimento sustentável: os caminhos que transformam o Sul de SC
Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul inspira modelo de turismo consciente e é destaque no GeoMinE Foz 2025

Num tempo em que o turismo se reinventa frente aos desafios climáticos e sociais, cresce no Sul de Santa Catarina uma prática que une educação ambiental, valorização cultural e desenvolvimento econômico local: o geoturismo. Muito mais que visitar paisagens bonitas, o geoturismo convida o visitante a mergulhar na história geológica, na cultura e nos modos de vida de um território. E o exemplo mais emblemático dessa nova forma de viajar está entre os cânions e vales da divisa entre SC e RS: o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul.

Representando o Consórcio Intermunicipal do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul e a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), a professora Izabel Regina, doutora em Desenvolvimento Socioeconômico, levou essa experiência transformadora ao centro de um dos maiores eventos de geociência da América do Sul: o GeoMinE Foz 2025, que acontece entre os dias 2 e 6 de junho em Foz do Iguaçu (PR).

Reconhecido pela UNESCO em 2022 como Geoparque Mundial, o território abrange sete municípios, sendo quatro em Santa Catarina (Praia Grande, Timbé do Sul, Jacinto Machado e Morro Grande) e três no Rio Grande do Sul. A área é marcada por um patrimônio geológico de relevância internacional, mas o que realmente diferencia esse geoparque é a forma como ele conecta geologia, cultura, economia e comunidade em um projeto de desenvolvimento sustentável integrado.

“O geoparque é uma área geográfica unificada com paisagens de importância internacional, gerenciada com foco na proteção ambiental, na educação e no desenvolvimento sustentável. E o geoturismo é justamente o turismo que valoriza tudo isso: o solo, a história, a cultura, os saberes e o bem-estar das pessoas que vivem ali”, explica a professora Izabel, que também atua como secretária executiva do Comitê Científico e Educativo do Geoparque.

A força da Georota: conectando natureza, cultura e economia local

Um dos projetos mais bem-sucedidos do Geoparque é a Georota Caminhos dos Cânions do Sul. Mais do que um roteiro turístico, a Georota é uma vitrine da identidade local: conecta atrativos naturais, serviços de hospedagem, gastronomia típica, produtos artesanais, experiências rurais e, acima de tudo, o protagonismo das comunidades.

“A Georota foi implantada nos sete municípios e hoje representa um produto turístico consolidado, construído com base sólida, planejamento estratégico e mais de R$ 3 milhões em investimentos nos últimos três anos”, destaca Izabel.

A iniciativa impulsiona o empreendedorismo local e fortalece o sentimento de pertencimento da população. O visitante que percorre a Georota não apenas contempla paisagens — ele vive o território, conhece histórias, saboreia receitas tradicionais e leva na bagagem um novo olhar sobre o Sul de SC.

Rumo ao futuro: a visita da UNESCO e a continuidade do selo internacional

Entre os dias 15 e 19 de junho, o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul receberá novamente uma equipe de avaliadores da UNESCO. A visita tem como objetivo revisar os avanços do território nos últimos quatro anos e decidir pela manutenção do selo de Geoparque Mundial.

“É hora de mostrar o quanto evoluímos, o quanto crescemos de forma sustentável, com base no conhecimento, no respeito ambiental e na valorização da nossa cultura”, reforça a professora.

A expectativa é alta — e com razão. O projeto tem gerado impactos reais, promovendo um turismo que educa, gera renda e protege.

Para além do passeio: um convite à transformação

Visitar o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul é mais do que uma viagem: é um mergulho em um território que escolheu crescer de forma diferente — com raízes firmes na geodiversidade, na cultura local e no compromisso com as futuras gerações.

Num momento em que o turismo mundial busca novos rumos, o Sul de SC aponta um caminho possível e inspirador. Um caminho onde ciência, comunidade e natureza caminham juntos. E talvez esse seja o verdadeiro sentido de viajar: transformar e ser transformado.