A história por trás da barragem do Rio São Bento, em Siderópolis

A história por trás da barragem do Rio São Bento, em Siderópolis
Fotos: Divulgação

Por Letícia Ortolan

Localizada no município de Siderópolis, na região sul de Santa Catarina, a Barragem do Rio São Bento foi erguida para atender a uma necessidade crítica de abastecimento de água e controle de cheias na chamada Região Carbonífera (Criciúma, Nova Veneza, Siderópolis etc.). Hoje, além de cumprir papel estrutural, o local também figura como ponto de interesse turístico e ambiental.

A seguir, apresento a história completa da obra, embasada em fontes verificadas, com marcos de construção, impactos, mudanças territoriais e usos atuais.

Contexto e motivação

Antes da barragem, a região enfrentava sérios problemas de abastecimento de água e de captação hídrica adequada. Segundo levantamento técnico, as localidades atendidas planejavam-se desde 1995 com base em futuro manancial.
A articulação envolvia municípios como Criciúma, Nova Veneza, Siderópolis, Forquilhinha, Içara e Maracajá.
Paralelamente, havia trabalho de enfrentamento de cheias e de proteção dos mananciais, bem como necessidade de produção de água tratada para consumo humano.

Início da obra e construção

  • O projeto da barragem começou a se viabilizar no início dos anos 2000. A obra propriamente dita teve início em torno de 2001 – 2002.
  • O investimento principal foi da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), com contrapartida estadual e federal.
  • A capacidade do reservatório é estimada em cerca de 58 milhões de m³ (ou seja, cerca de 58 bilhões de litros de água) armazenáveis, em um lago artificial com área de cerca de 450 hectares.
  • A inauguração oficial ocorreu no ano de 2006.

Impactos territoriais e sociais

  • A barragem está situada na comunidade de Vila São Pedro, município de Siderópolis, próxima ao limite com Nova Veneza.
  • Houve mudança de uso do território: áreas antes de ocupação mais direta da comunidade ribeirinha passaram a fazer parte do manancial e cursos de acesso foram alterados. De fato, estudos apontam que a torre da antiga Capela de São Pedro, construída pela população local, foi mantida como marco simbólico da comunidade original que foi impactada pela barragem.
  • Em termos de infraestrutura, para facilitar o acesso ao local e refletir o novo uso (turismo, visitação), pavimentações e melhorias nas vias de acesso foram realizadas.

Funções e usos atuais

  • A Barragem do Rio São Bento é o principal manancial para abastecimento da Região Carbonífera, atendendo dezenas de municípios: Siderópolis, Criciúma, Nova Veneza, Forquilhinha, Maracajá, parte de Içara, entre outros.
  • Além do abastecimento, a barragem também desempenha papel de controle de cheias, atuando como amortecedor de grandes volumes de água em períodos de chuva intensa. Exemplos recentes apontam que em certo momento mais de 13,5 bilhões de litros foram retidos para evitar inundações.
  • A localização e a paisagem, lago artificial de 450 hectares, rodeado pela serra e mata preservada, conferem importância turística e ambiental ao local. Projetos de educação ambiental são realizados no local, em parceria entre CASAN, instituições de ensino e municípios.

Turismo, natureza e o que o visitante verá

  • O cenário é de grande apelo paisagístico: o lago da barragem, as encostas da serra ao fundo, a torre da antiga capela submersa / visível em determinadas condições tornam o local atrativo para visitantes.
  • Atividades ao redor incluem trilhas, contemplação da natureza, cicloturismo, etc. Um estudo da UDESC apontou que, embora a barragem esteja formalmente em Siderópolis, muitos visitantes acessam o local via Nova Veneza.
  • Para o turismo, cabe observar que parte do entorno está em unidades de preservação ambiental, o que reforça o caráter de natureza preservada.

Desafios, manutenção e perspectivas

  • A Casan informa que a barragem está em monitoramento constante e passível de inspeções externas para assegurar sua estabilidade e segurança.
  • Obras de infraestrutura relacionadas, como adutora que leva a água bruta da barragem até estação de tratamento, mostram que o sistema está em expansão e modernização.
  • O aproveitamento turístico e de educação ambiental tem sido planejado como nova frente de uso, integrando a comunidade, escolas e municípios vizinhos.

Dados para destacar

  • Área do lago: cerca de 450 hectares.
  • Capacidade de armazenamento: aproximadamente 58 milhões de m³ (≈ 58 bilhões de litros) de água.
  • Ano de inauguração: 2006.
  • Municípios atendidos: Siderópolis, Criciúma, Nova Veneza, Forquilhinha, Maracajá, parte de Içara, entre outros.